Antes de abordarmos o tema café especial mais a fundo, precisamos entender seu papel na história do Brasil. Por volta de 1727, nossas terras tiveram o primeiro contato com o plantio de café. De lá para cá, nos tornamos um dos maiores produtores de café do mundo, atualmente com uma produção anual de cerca de 3 milhões de toneladas, segundo o AtlasBig.
O café é a segunda bebida mais consumida no Brasil, depois da água, e o café especial tem ganhado mais espaço no dia-a-dia da população. O crescimento do interesse do público por experiências sensoriais cada vez mais surpreendentes alimenta o mercado de grãos especiais. Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae, o aumento da seletividade do consumidor também afeta positivamente a demanda de produção de cafés especiais no país.
Afinal, como é definido o café especial?
O Programa de Qualidade do Café (PQC) da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) é estruturado em quatro categorias: não recomendável, tradicional, superior e gourmet. A qualificação acontece através de uma classificação de 1 a 10, onde 1 é considerado não recomendável e 10 é nomeado como gourmet.
Existem cafés gourmet riquíssimos em sabor e que fornecem uma experiência sensorial interessante ao consumidor, porém não existe submissão a critérios tão rigorosos como os cafés especiais.
O processo de nomeação de um café especial é submetido à BSCA, Associação Brasileira de Cafés Especiais.
Segundo a Associação, é necessária uma avaliação mais profunda que a realizada pela ABIC. Dentre os quesitos avaliados está a necessidade de ser livre de impurezas e defeitos, o que proporciona uma bebida de maior qualidade. Um café especial deve receber pontuação acima de 80 na análise sensorial.
Para a avaliação, o café segue especificações exatas de torra e preparo da bebida. A técnica de degustação é conhecida como Cupping, e é desempenhada por três provadores especializados e com certificação oficial de Q-grader.
A área geográfica de cultivo deve ser rastreada, do café à xícara, sendo esse um critério rigoroso da BSCA. Como o cafeeiro é uma planta de clima tropical e úmido, o cultivo adequado deve ser monitorado. Outros pontos igualmente importantes são os padrões de sustentabilidade, responsabilidade social e economia responsável da marca produtora.
O processo de torra também é ponto decisivo para o enquadramento na categoria de café especial. Todo o procedimento realizado no café precisa ser mapeado e estar dentro das normas obrigatórias da associação. Existe cuidado e respeito durante cada uma das etapas.
Até alguns anos atrás, o termo “café especial” era relacionado a receitas elaboradas que tinham o café como um dos ingredientes. Por exemplo, bebidas aromatizadas e que levavam caldas e coberturas. Hoje, o sentido mudou, e “café especial” é aquele com sabor original e marcante.
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Como é a produção de cafés especiais no Brasil?
Existem projetos destinados ao estímulo da produção de cafés especiais no país, como o do Sebrae/RJ, no Vale do Café, que impulsionam o crescimento desse mercado por aqui. Outro grande projeto de fomento à produção de cafés especiais é o Especialíssimo, criado pela Cooxupé e a SMC Specialty Cofees, a fim de estimular a participação de cooperados das regiões do sul de Minas, Cerrado Mineiro, Média Mogiana de São Paulo e Matas de Minas.
Em 2021, a produção de cafés especiais foi levemente superior a 9,5 milhões de sacas, segundo a BSCA. De acordo com a Associação, a produção de cafés especiais cresceu em média 15% nos últimos cinco anos.
Minas Gerais e Espírito Santo são os líderes em produção de cafés especiais, movimentando a implementação de novas tecnologias no mercado cafeeiro. A utilização da inteligência artificial no monitoramento de lavouras tem sido útil para o mapeamento das plantações ao redor do país. A adubação fosfatada é outra tecnologia interessante em uso nessas regiões. A técnica consiste na utilização de fertilizantes carregados de fosfato para a melhor produção das plantas.
Conta pra gente, você imaginava que o café especial era de fato tão especial assim?